À caça de uma pasta para guardar minhas apostilas desse semestre que vivem espalhadas e sempre perdidas entre meus cacarecos, encontrei uma cor-de-rosa, um tanto quanto velha rosa, lembrava-me vagamente dela. Estava cheia de papéis, já abri mirando o lixo para desocupá-la de papéis velhos e inúteis e ocupá-las con mis nuevos de la clase de español, mas quando vi o conteúdo, ahhhhh, que saudade! Eram meus primeiros poemas, todos datados, a maioria de 1997 à 2000, tinham até lugar e horário, perfeccionista ao extremo, tem coisas que levamos para a vida toda não é!? Não tem jeito!
Temas variadississíssimos, mas a maioria de amor, amor incontido, amor não correspondido, amor platônico. Eu diria que temas realmente precoces para uma garota que somava, na época, apenas uma década de batimentos cardíacos. O engraçado é que, depois de tanto tempo sem ler os poemas, ao lê-los parece que a pessoazinha que escreveu (myself) realmente sentia aquilo que estava escrito, mas era tudo blefe, fingimento, era tudo fruto da perigosa e fértil imaginação. Vale retomar Pessoa: "O poeta é um fingidor. Finge tão completamente que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente". Não sei se sou poeta, pois agora escrevo quando tenho algo a escrever, mas posso dizer que fui poeta aos 10.
Um deles me chamou muito a atenção, escrito em 05 de junho de 2001, talvez por ser tão verossímil, destinado à minha sobrinha/afilhada que havia acabado de nascer:
Vida
Se um dia você vem alegrando meu coração
Querida menina, canto a ti uma canção
Coração de ouro, doce como o mel
sobre bases de prata, sob as estrelas do céu
Menina graciosa, tens um brilho sagrado
Menina virtuosa, nossos corações tens enlaçado
Tú és morena e formosa, uma açucena do vale
Menina preciosa, teu som és doce e suave
Teus lábios, fita vermelha
Teu choro, melodia
Metade de romã és tua face
E sua alegria, nos contagia
Bela feito a lua
Fulgurante como o sol
As estrelas, sua moldura
O teu canto, rouxinol (sic)
ps. Ah, como ficaram minhas apostilas? Continuam perdidas entre os cacarecos do quarto.
Temas variadississíssimos, mas a maioria de amor, amor incontido, amor não correspondido, amor platônico. Eu diria que temas realmente precoces para uma garota que somava, na época, apenas uma década de batimentos cardíacos. O engraçado é que, depois de tanto tempo sem ler os poemas, ao lê-los parece que a pessoazinha que escreveu (myself) realmente sentia aquilo que estava escrito, mas era tudo blefe, fingimento, era tudo fruto da perigosa e fértil imaginação. Vale retomar Pessoa: "O poeta é um fingidor. Finge tão completamente que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente". Não sei se sou poeta, pois agora escrevo quando tenho algo a escrever, mas posso dizer que fui poeta aos 10.
Um deles me chamou muito a atenção, escrito em 05 de junho de 2001, talvez por ser tão verossímil, destinado à minha sobrinha/afilhada que havia acabado de nascer:
Vida
Se um dia você vem alegrando meu coração
Querida menina, canto a ti uma canção
Coração de ouro, doce como o mel
sobre bases de prata, sob as estrelas do céu
Menina graciosa, tens um brilho sagrado
Menina virtuosa, nossos corações tens enlaçado
Tú és morena e formosa, uma açucena do vale
Menina preciosa, teu som és doce e suave
Teus lábios, fita vermelha
Teu choro, melodia
Metade de romã és tua face
E sua alegria, nos contagia
Bela feito a lua
Fulgurante como o sol
As estrelas, sua moldura
O teu canto, rouxinol (sic)
ps. Ah, como ficaram minhas apostilas? Continuam perdidas entre os cacarecos do quarto.